Em homenagem, publico a seguir um texto maravilhoso do jornalista e professor Misael Nóbrega.

Adveio do seio do mundo. Sem alarde. E ela se fez Deus. E a mulher é também o hálito; o berro; o transitório; e, em sendo assim, a mulher é folha seca na aridez da terra. É ventre e é sepultura. E é o livre-arbítrio também. A mulher é a grata confissão da existência, feito essência de uma coisa pura – uma biografia: Joana d’ arc, Evita Perón, Anita Garibaldi, madre Tereza de Calcutá, irmã Dulce, Rosa Luxemburgo, Maria Quitéria, Chiquinha Gonzaga, Tarcila do Amaral, Cecília Meireles, Olga Benário, Frida Kahlo, Margarida Maria Alves... - E destaco nossa senhora, santificada e cheia de glória – em respeito cristão. Essas mulheres estavam certas: não havia mesmo porque se esconder. Elas supunham que o conceito não queimaria na fogueira. Atribuíram à causa feminista um glamour particular e conseguiram relegar o convencionalismo. Arrancaram as amarras que impunham a sociedade machista, escravocrata, preconceituosa e ignorante, muito mais pela ousadia que por qualquer tipo de truque ou de sortilégio. E nem precisaram de salto alto. E nada mesmo foi ensaiado. O experimento foi a própria dor. Dilacerante e humilhante. E nem mesmo mil vezes mil exemplos foram suficientes.
É fato que em 1857, cento e trinta funcionárias de uma fábrica têxtil, nos Estados Unidos, morreram incendiadas, em meio a uma greve por melhores condições de trabalho. Esse episódio obrigou o mundo a voltar às suas atenções para a mulher, à cada dia 8 de março, como um obituário de intento memorial. Contudo, o ato embora funesto não é muito diferente da historieta da mulher de nome Consolação... - Que na água turva do regato lava as roupas do seu senhor e cantarola a predileção da quermesse. E mesmo assim é possuída pela espécie depravada do macho que ignora a própria virtude. E esse homem nem sabe que ela já o perdoou; e ela nem mesmo sabe o que é o amor. Onde fica o muro das lamentações de todas as Marias do mundo? Em todos os cantos do mundo. Mas, não há choro e ranger de dentes. Na áfrica e no oriente médio três milhões de mulheres são sujeitas à mutilação genital todos os anos para que, entre outras coisas, não procriem mais. Pobre humanidade que teme a si mesma como se isso não fosse vaidade.
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